As crianças são, já se sabe, alvos fáceis de publicidade e propaganda. A questão, no entanto, não se coloca no acto de compra de um produto ou serviço mas na troca de valores e na mudança de mentalidades que a meu ver coloca em causa a qualidade do seu futuro.
O marketing ao incutir a ideia de "querer" associa a felicidade à compra. Penso que o conceito é inofensivo quando a mensagem é decifrada e traduzida por um adulto, mas assédio quando cravada quase silenciosamente numa criança.
Este processo é implacável e tem inicio logo após o nascimento de cada criança. Há medida que diariamente consomem mais de 3000 mensagens comerciais, o intuito de compra de produtos e serviços torna-se difícil de contornar. E a epidemia alastra-se. Os futuros adultos de amanhã crescem com a ideia de que se "é" o que se "tem". E tudo à sua volta lhes confirma diariamente esta realidade.
Pior que este factor será a violação intelectual da criança, que não tendo consciência do processo de marketing que a rodeia acaba por não saber viver ou lidar com situações que vão para lá daquilo que lhes é mostrado. Formam-se pequenos robôs que respondem a estímulos como cães de Pavlov.
A responsabilidade total cai sobre os pais, mas na verdade há muito pouco que estes possam fazer...
O documentário "Consuming Kids" é das coisas mais aterradoras que vi nos últimos tempos:
"Consuming Kids, a Comercialização da Infância", trata de como as grandes corporações utilizam-se da infância para gerar lucros gigantescos, vendendo todo o tipo de produtos, muitas vezes, de forma desonesta, desumana e pouco ética, tornando-as vulneráveis na idade mais delicada de suas vidas.
Cada vez mais os brinquedos representam personagens de TV, reduzindo o poder de imaginação, deixando as crianças menos criativas. Cada vez mais substitui-se a brincadeira de rua pela tela de TV ou computador. Com isso as crianças estão tornando-se mais obesas e menos atentas. O número de casos de disfunção bipolar infantil é 4 vezes maior que há 30 anos atrás, sem falar em outras doenças crescendo assustadoramente nessa faixa etária como diabetes, depressão, hipertensão
Os comerciais de Fast-food, brinquedos, roupas, até mesmo automóveis para os pais são feitos utilizando-se de profissionais como psicólogos e antropólogos, desviando o ciência para uma única direção: o lucro.
"Estamos criando uma geração de superconsumidores"
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